Caminhos para uma comunicação mais construtiva
Em visita ao Brasil, Judy Rodgers inspira profissionais a pensar sobre como a mídia pode gerar transformações na sociedade

Judy em palestra no Hotel Fazenda Igarapés durante o Seminário IVE Brasil
“A mídia tem uma vocação muito elevada. Quando se é chamado para esse trabalho você está escrevendo a história do mundo”, refletiu a jornalista Judy Rodgers, jornalista norte-americana fundadora do Images and Voices of Hope (IVOH) durante sua visita ao Brasil.
No Brasil, o IVOH é conhecido como Imagens e Vozes de Esperança (IVE) e é organizado como uma rede de comunicadores voluntários, que conta com o apoio da organização Brahma Kumaris.
No dia 8 de setembro, Judy participou de um evento com comunicadores em São Paulo.
Em Minas Gerais, Judy Rodgers participou do Seminário IVE Brasil, cujo tema foi “Comunicação Construtiva: Novas Narrativas em Tempos Difíceis”, realizado entre 9 e 11 de setembro no Hotel Fazenda Igarapés, em Igarapé, Região Metropolitana de Belo Horizonte. O evento reuniu profissionais de diversas áreas da comunicação e artes para refletir sobre os impactos das mensagens sobre as comunidades e para compartilhar experiências profissionais e histórias de resiliência. “Quando organizamos diálogos como esses, realmente estamos trabalhando e aprendendo juntos sobre como podemos manter os nossos padrões profissionais e nosso senso de responsabilidade”.
Segundo Judy, é preciso pensar a comunicação em um nível mais elevado. “Temos que falar sobre os traumas, mas é necessário falar em transformação, dizer às pessoas o que ajuda a transformar essas realidades. Pode ser um trauma ambiental, como o rompimento da barragem de mineração na região da cidade de Mariana, Minas Gerais, ou a crise de refugiados no mundo. Cobertor e água ajudam, mas devemos pensar em como está o ser que sofreu o trauma”, afirmou.
Narrativas restaurativas
Um dos temas abordados no encontro foi a narrativa restaurativa, uma nova abordagem de comunicação em estudo pelo IVOH. “Nosso pensamento atual é que nem toda história é uma narrativa restaurativa. A história ruim deve ser contada, mas é preciso contá-la de modo que as pessoas tenham condições de se recuperar. É preciso dizer que há sinais de vida após um desastre”, explicou.
Judy Rodgers falou sobre a conversa que teve com um amigo diretor da ONU sobre as metas sustentáveis do milênio para 2030, que prometiam um mundo perfeito. No entanto, refletiram que, num mundo em que o trauma se tornou crônico com crise de refugiados, desastres ambientais, violência contra mulheres e outros problemas, é preciso apontar como essa transformação ocorrerá. Nesse contexto, o papel da mídia é estratégico, pois existe a métrica de pensamento/ação e as pessoas agem com base nessas ideias. “Para nós do IVE, o ponto que impacta não é o desastre em si, ainda que ele deva ser relatado, mas a capacidade de resiliência, de recuperação da comunidade atingida pela tragédia”, destaca.
A mídia no Brasil

João Paulo Cunha falou sobre a situação atual da mídia no Brasil
A mídia no Brasil foi o tema da palestra do jornalista mineiro João Paulo Cunha. Ele apresentou um quadro pouco animador da situação do jornalismo e das redações no país, ao abordar desde a falência dos jornais diários, a concentração familiar da mídia até a mudança da relação entre mídia e poder, em que a imprensa perde importância social, torna-se negócio. Com a comunicação digital, há uma multiplicação do ecossistema informativo. “Há um esvaziamento ético e sem democratização da comunicação não há modo ético de fazer informação”, afirmou.
Ele avalia que há uma crise de saber na atualidade e considera o jornalismo como uma alternativa, pois trata de um tipo especial de conhecimento que diz respeito à vida, que nenhuma ciência ou filosofia é capaz de dar. E questiona: “Que tipo de informação estamos levando para que as próximas gerações possam estar melhor preparadas?”

Christina Carvalho Pinto falou sobre produção de conteúdo e publicidade
A comunicadora paulista, Christina Carvalho Pinto, presidente e sócia do Grupo Full Jazz de Comunicação e líder da plataforma multimídia “Mercado Ético”) refletiu sobre como a publicidade pode inspirar a formação de transformadores da sociedade.
“Precisamos contar histórias saborosas e incríveis. Se isso não fosse verdadeiro, as novelas, as histórias bem contadas não teriam tanta audiência. E acho que a imprensa – e a publicidade – também têm esse papel que é narrar a luz que há no planeta”, destacou, acrescentando que “as pessoas estão exaustas de coisas ruins, estão implorando por coisas belas”, ressaltou.
Entre os palestrantes, também compartilharam suas experiências o assessor de imprensa e produção de conteúdos da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) para a América Latina, Roberto Baraldi, a jornalista e escritora, Leila Ferreira, a professora da Universidade Federal de Minas Gerais e doutora em Comunicação, Ângela Carrato, o jornalista e diretor da Árvore Gestão de Relacionamento, agência de relações públicas, a jornalista Roberta Barbieri da revista Sorria. Por meio virtual, o jornalista e escritor André Trigueiro.
Experiências IVE
A jornalista Rachel Abreu Añon contou como conheceu Judy Rodgers e o movimento Imagens e Vozes de Esperança e, a partir de então, tomou coragem para se tornar uma empreendedora, deixando de trabalhar na redação no Jornal Folha de São Paulo e fundando a empresa “Ponte a Ponte“, que tem como principal missão “conectar o melhor de cada mundo para um mundo cada vez melhor”.
Já os jornalistas Aerton Silva, Cecília Alvim e Débora Junqueira explicaram como o valores IVE transformaram o trabalho de comunicação produzido pelo Sindicato dos Professores de Minas Gerais, Sinpro Minas.
André Trigueiro, em conexão gravada, explicou a influência do IVE na sua vida. Assista.
Reconhecimento

Roberta Barbieri recebeu o Reconhecimento IVE em nome da Revista Sorria e apresentou o projeto de comunicação da mesma
Na tarde do sábado (10/09), após um painel que discutiu a cobertura da tragédia de Mariana, que contou com a exposição da professora Ângela Carrato, e com as narrativas dos jornalistas das experiências e desafios vividos nessa cobertura especial, a rede Imagens e Vozes de Esperança reconheceu os trabalhos desses e de outros profissionais da comunicação com um certificado assinado pela jornalista Judy Rodgers. O texto dos certificados diz: “Reconhecemos que esse trabalho reflete o compromisso em gerar conteúdos pautados pelo interesse público, por valores humanos e perspectivas de uma comunicação construtiva, mesmo em tempos difíceis”.

Cecília Alvim (IVE Minas), Márcia Cruz (jornal Estado de Minas), Daniel Camargos (site Puntero Isquierdo), Edilene Lopes (rádio Itatiaia), Judy Rodgers, Renato Franco (Rede Minas), Débora Junqueira (IVE Minas), Paula Fabiano (IVE Minas) e Maurício Vieira (Rede Minas) durante a entrega do Reconhecimento IVE de Jornalismo pela cobertura da tragédia de Mariana.
Material de apoio deste evento
Os vídeos e textos exibidos por Judy Rodgers durante o seminário podem ser encontrados aqui.
A cobertura fotográfica completa da passagem de Judy Rodgers pelo Brasil você confere na fanpage do Movimento Imagens e Vozes de Esperança no Facebook
Álbuns:
=> Dia 8, São Paulo: palestra “Criando Confiança na Comunicação…”
=> Dias 9, 10 e 11, Igarapé (MG): seminário nacional “Comunicação Construtiva…”
=> Dia 12, Belo Horizonte: palestra “Liderança que inspira resiliência e faz a diferença” para líderes e convidados das empresas ArcelorMittal, Fiat (FCA) e Vale